Viúva de Freire escreve carta de repúdio à Veja
14/09/2008
Conceição Lemes
Blog do Azenha
Na edição de 20 de agosto a revista Veja publicou a reportagem O que estão ensinando a ele? De autoria de Monica Weinberg e Camila Pereira, ela foi baseada em pesquisa sobre qualidade do ensino no Brasil. Lá pelas tantas há o seguinte trecho:
"Muitos professores brasileiros se encantam com personagens que em classe mereceriam um tratamento mais crítico, como o guerrilheiro argentino Che Guevara, que na pesquisa aparece com 86% de citações positivas, 14% de neutras e zero, nenhum ponto negativo. Ou idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização. Entre os professores ouvidos na pesquisa, Freire goleia o físico teórico alemão Albert Einstein, talvez o maior gênio da história da humanidade. Paulo Freire 29 x 6 Einstein. Só isso já seria evidência suficiente de que se está diante de uma distorção gigantesca das prioridades educacionais dos senhores docentes, de uma deformação no espaço-tempo tão poderosa, que talvez ajude a explicar o fato de eles viverem no passado".
Curiosamente, entre os especialistas consultados está o filósofo Roberto Romano, professor da Unicamp. Ele é o autor de um artigo publicado na Folha, em 1990, cujo título é Ceausescu no Ibirapuera. Sem citar o Paulo Freire, ele fala do Paulo Freire. É uma tática de agredir sem assumir. Na época Paulo, era secretário de Educação da prefeita Luiza Erundina.
Diante disso a viúva de Paulo Freire, Nita, escreveu a seguinte carta de repúdio:
"Como educadora, historiadora, ex-professora da PUC e da Cátedra Paulo Freire e viúva do maior educador brasileiro PAULO FREIRE -- e um dos maiores de toda a história da humanidade --, quero registrar minha mais profunda indignação e repúdio ao tipo de jornalismo, que, a cada semana a revista VEJA oferece às pessoas ingênuas ou mal intencionadas de nosso país. Não a leio por princípio, mas ouço comentários sobre sua postura danosa através do jornalismo crítico. Não proclama sua opção em favor dos poderosos e endinheirados da direita, mas , camufladamente, age em nome do reacionarismo desta.
Esta vem sendo a constante desta revista desde longa data: enodoar pessoas as quais todos nós brasileiros deveríamos nos orgulhar. Paulo, que dedicou seus 75 anos de vida lutando por um Brasil melhor, mais bonito e mais justo, não é o único alvo deles. Nem esta é a primeira vez que o atacam. Quando da morte de meu marido, em 1997, o obituário da revista em questão não lamentou a sua morte, como fizeram todos os outros órgãos da imprensa escrita, falada e televisiva do mundo, apenas reproduziu parte de críticas anteriores a ele feitas.
A matéria publicada no n. 2074, de 20/08/08, conta, lamentavelmente com o apoio do filósofo Roberto Romano que escreve sobre ética, certamente em favor da ética do mercado, contra a ética da vida criada por Paulo. Esta não é, aliás, sua primeira investida sobre alguém que é conhecido no mundo por sua conduta ética verdadeiramente humanista.
Inadmissivelmente, a matéria é elaborada por duas mulheres, que, certamente para se sentirem e serem parceiras do “filósofo” e aceitas pelos neoliberais desvirtuam o papel do feminino na sociedade brasileira atual. Com linguagem grosseira, rasteira e irresponsável, elas se filiam à mesma linha de opção política do primeiro, falam em favor da ética do mercado, que tem como premissa miserabilizar os mais pobres e os mais fracos do mundo, embora para desgosto deles, estamos conseguindo, no Brasil, superar esse sonho macabro reacionário.
Superação realizada não só pela política federal de extinção da pobreza, mas , sobretudo pelo trabalho de meu marido – na qual esta política de distribuição da renda se baseou - que demonstrou ao mundo que todos e todas somos sujeitos da história e não apenas objeto dela. Nas 12 páginas, nas quais proliferam um civismo às avessas e a má apreensão da realidade, os participantes e as autoras da matéria dão continuidade às práticas autoritárias, fascistas, retrógradas da cata às bruxas dos anos 50 e da ótica de subversão encontrada em todo ato humanista no nefasto período da Ditadura Militar.
Para satisfazer parte da elite inescrupulosa e de uma classe média brasileira medíocre que tem a Veja como seu “Norte” e “Bíblia”, esta matéria revela quase tão somente temerem as idéias de um homem humilde, que conheceu a fome dos nordestinos, e que na sua altivez e dignidade restaurou a esperança no Brasil. Apavorada com o que Paulo plantou, com sacrifício e inteligência, a Veja quer torná-lo insignificante e os e as que a fazem vendendo a sua força de trabalho, pensam que podem a qualquer custo, eliminar do espaço escolar o que há de mais importante na educação das crianças, jovens e adultos: o pensar e a formação da cidadania de todas as pessoas de nosso país, independentemente de sua classe social, etnia, gênero, idade ou religião.
Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de concluir que os pais, alunos e educadores escutaram a voz de Paulo, a validando e praticando. Portanto, a sociedade brasileira está no caminho certo para a construção da autêntica democracia. Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de proclamar que Paulo Freire Vive!
São Paulo, 11 de setembro de 2008Ana Maria Araújo Freire".
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
domingo, 14 de setembro de 2008
Esta é a oposição boliviana
QUAL A RAZÃO DO CONFLITO ?
A região oriental boliviana, aquela que faz fronteira com o Brasil, sempre foi uma região de pouca ocupação demográfica. Há muito tempo tornou-se presa foi presa de grupo ligados ao narcotráfico, e, também, à famílias que se apoderaram de milhares de hectares de terras públicas, sem respeitar direito algum, pois pois formavam, sempre, parte de governos, ditatoriais (ADN do general Hugo Banzer) e democráticos (de Paz Estenssoro e Gonzalo Sánchez de Lozada), bem como de governos nascidos de esquerda, mas que fizeram acordos com ambos, como o Movimento de Izquierda Revolucionario (MIR) de Jaime Paz Zamora.
A região oriental boliviana, aquela que faz fronteira com o Brasil, sempre foi uma região de pouca ocupação demográfica. Há muito tempo tornou-se presa foi presa de grupo ligados ao narcotráfico, e, também, à famílias que se apoderaram de milhares de hectares de terras públicas, sem respeitar direito algum, pois pois formavam, sempre, parte de governos, ditatoriais (ADN do general Hugo Banzer) e democráticos (de Paz Estenssoro e Gonzalo Sánchez de Lozada), bem como de governos nascidos de esquerda, mas que fizeram acordos com ambos, como o Movimento de Izquierda Revolucionario (MIR) de Jaime Paz Zamora.
O QUE ACONTECEU COM O GOVERNO DE EVO MORALES?
Essas famílias foram jogadas para fora do poder, com a chegada de Evo Morales ao governo. Como a nova Constituicao proposta pelo MAS, a propriedade da terra fica limitada. Também se ameaça grupos familiares que não tem como explicar como se tornaram donos de tantas terras. Em função disso, eles se agruparam e elegeram governadores em Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija, para continuar controlando a região.
Poderosos economicamente, mantém grupos de jovens desempregados como “milicias de choque” agrupados em entidades como a “Juventud Cruceñísta” (de Santa Cruz), que atacaram e tomaram nas suas regios entidades estatais como o INRA - Instituto Nacional de Reforma Agraria, e Impuestos Internos.
EXISTE A POSSIBILIDADE REAL DE PACIFICAÇÃO E DE ACORDO ENTRE AS PARTES?Acho difícil. A origem do problema já não é político, mas policial e jurídico. Acho impossível que as famílias que controlam as regiões em conflito sejam capazes de ceder. Elas sabem que perderiam enormes quantidades de terra (e de poder). Também seriam forçadas a pagar altíssimas somas de dinheiro em impostos devidos. O mesmo se pode dizer sobre o governo. Ele sabe que se ceder à reivindicacao da oposição, que é a de entregar o dinheiro proveniente do Imposto Direto aos Hidrocarburetos (IDH) às prefeituras oposicionistas, estará armando ao inimigo.
Ay los cínicos de la Unión Juvenil Cruceñista. Espero que pronto dejen de existir estos fachos ignorantes. Me parece una verguenza que se paseen con total impunidad por las calles de mi ciudad con este tipo de mensajes deshumanizados. Es injusto que estos ignorantes sean los que cortan el derecho a la libre circulación de la ciudadanía. Por favor... dejen de existir!
Ay los cínicos de la Unión Juvenil Cruceñista. Espero que pronto dejen de existir estos fachos ignorantes. Me parece una verguenza que se paseen con total impunidad por las calles de mi ciudad con este tipo de mensajes deshumanizados. Es injusto que estos ignorantes sean los que cortan el derecho a la libre circulación de la ciudadanía. Por favor... dejen de existir!
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